quarta-feira

puxando o gatilho

Estava Cortez no bar com seus amigos apaches quando viu Alvarez pela primeira vez. E não foi Alvarez quem chamou sua atenção: Alvarez estava com seu amante contratual, Johnny Cash.
Cortez parou por um momento sua partida de poker, apoiou-se na mesa, fez "haha" e tirou seu sutiã. Os índios já não se assustavam com o segredo de Brokeback, mas Alvarez olhou para Cash, que se mostrava curioso e interessado em conhecer mais segredos.
"Watererrefagueidjuain, rã?", disse ele. Alvarez sabia que Cash só dizia aquilo quando queria trepar, e Cortez cedeu, deixando Alvarez e os índios sozinhos.
Enfurecida, Alvarez pegou sua garrafa de coca 1L retornável, quebrou na cabeça de Cash. Cortez arregalou os olhos, e quando ia pegar a carta-gillete para cortar a garganta da nova inimiga, Alvarez abriu a porta, enrolou-se, saltou, rolou pelo chão cheio de feno e sumiu no horizonte: o salamandra power.
No dia seguinte, Cortez assaltava a Caixa Economica Federal como de costume, só que, desta vez, fora pega de surpresa! Foi quando, de repente, alguém bate de frente com ela e ela vê: é Alvarez.
Estava sem suas cartas e queria fugir, então, Alvarez, que havia saído da casa de Robert  Johnson para um assalto, ensinou-lhe a técnica de fuga para malandros avançados. Cortez, espantada pelo bom coração da pré-inimiga, deu-lhe ela sua carta Killer Joker e a ensinou como usá-la.
A título de comemoração pela nova inimizade pacífica, Cortez chamou o galerê apache para comemorar. Desconhecia o tipo de bebida que Alvarez tomava para obter a lubrificação do S.P., então resolveu lhe oferecer uma bebida mais leve.
Pegou a garrafa de tequila e pediu para seus amigos trazerem algum condimento para disfarçar o gosto de falsificação. Trouxeram-lhe limões e sal.
Sentadas na mesa de jogo, conversando sobre os velhos tempos áureos de roubo de bolsa de avó, Cortez percebeu que a tequila era muito pouca para todos os convidados da jogatina e anunciou: "Fodeu.".
Alvarez, então, lembrou que em sua mamadeira poderia ainda haver um resto de Cointreau que poderia ter restado do brinde do Hotel do qual havia sabotado o gás de cozinha e então sugeriu: "Ram mestchurá todjo, amegan, que rai dá certchu aniuei...".
Cortez pegou sua cuia, misturou os dois restos e temperou com limão. Numa crise de mulherzice, resolveu usar o sal para decoração e, como numa luz de inspiração vinda de Charles Mason, disse: "Que bebida bonita! Chamar-se-á Marguerita!", e, muito felizes, beberam tudo.
Na dança do amor que Degolador Vermelho fazia quando chupava limão, Alvarez encantou-se e sucumbiu ao balacobaco do apache mais vermelhinho que havia visto na vida. Cortez, que estava de TPM no dia, chorou pela traição da nova amiga e saiu correndo para o Saloon mais próximo.

Chegando, sentou-se no balcão e ficou olhando o luminoso com o nome do bar como se fosse a luz do fim de seu túnel. Subitamente, ouviu um estalo, a luz apagou e ela olhou para trás: era Billy the Kid.
O balconista perguntou a ele: O que deseja?
Ele respondeu: One more cup of coffee for the road.
O balconista obedeceu, "É pra djá!", e Cortez olhou abismada para o homem torto e seminovo que ele era. Comeu-o com os olhos e, quando ele percebeu que lhe faltava um pedaço, ele a comeu também.
Quando Cortez remontou-se da comida, Billy não estava mais lá. Ao seu lado, ao invés do homem que a corrompeu, havia somente um figurino de Xena, que Cortez já havia ouvido falar como sendo um dos grandes crimes de Billy the Kid.
Agarrou-se no figurino, saiu correndo contra o vento e a areia, cravou os pés na beira do abismo e disse: "Eu juro por esta terra que nunca mais assaltarei sem ser guerreira!".
Voltando para casa com o figurino novo , encontrou Alvarez dando nó no rabo do diabo e questionou se ela também havia sido abandonada pelo Degolador. "Eu não me lembro, então, vim passar o tempo para matar saudades do Bob Johnson, meu bro", respondeu Alvarez.
Cortez olhou para Alvarez, Alvarez olhou para Cortez. "Só...", disseram.



Tudo começou assim e não vai terminar tão cedo.



p.s.escrito à duas mãos.